Momentos de crise são uma boa oportunidade para reflexão em relação a prática do hábito de consumo consciente, que leva em consideração questões sociais e ambientais.
Há pouco mais de um ano estávamos nas ruas, nos escritórios, nas escolas e nos shoppings, mergulhados numa competição desenfreada pela sobrevivência, quase sempre correndo contra o relógio e havia pouco espaço para pensar sobre hábitos de consumo.
Era mais fácil passar o cartão de débito ou crédito e resolver o problema, sem pensar muito na realidade ou no futuro. Agir de forma quase automática, significava não dar espaços à reflexão e servia muito bem para amainar faltas mais profundas do que os produtos a serem adquiridos.
O consumo desenfreado parece perder força diante de crises impostas e essa mudança denota ser mais profunda do que está a transparecer. A pandemia do novo coronavírus iniciada em 2020 e suas consequências, parece haver acelerado um comportamento cada vez mais visível no século XXI: o consumo consciente, ou seja, consumo proveniente de atitudes com base no impacto no meio ambiente, na sociedade e até nas finanças pessoais.
Assim é que reflexões diversas vem ocorrendo durante esse período de confinamento a forçar a revisão de escala de valores e prioridades – “Será que preciso mesmo de tanta roupa?” – As pessoas passaram a se questionar ao se verem trabalhando em casa, remotamente, de bermuda e chinelos.
Em outro cenário, famílias, a partir da onda do desemprego, viram-se forçadas a reduzir drasticamente seus níveis de consumo, reinventando-se em busca de novas formas de gerar receita. Novas habilidades precisaram ser desenvolvidas.
CONSUMO CONSCIENTE: O QUE SUCEDE DESSA MUDANÇA?
O fato é que outras experiências passaram a ser mais valorizadas com a percepção de que existe algo mais valioso, que o dinheiro não alcança e que coloca o ato de comprar em segundo plano, a exemplo da convivência com pessoas queridas, suspensa devido ao isolamento social e que foram inseridas na lista dos itens mais desejados.
O minimalismo (movimento que incentiva viver com menos) passou a ser adotado com mais intensidade e novos hábitos foram sendo incorporados à rotina, como compras de produtos essenciais no mercadinho do bairro. Ao mesmo tempo, a ascensão de grupos de vendas e trocas de objetos pelo celular passaram a ser vistas como um sinal de mudança nessa nova sociedade de consumo.
Com isso, a ideia de consumo consciente passa a ampliar o conceito de educação financeira pois incorpora considerações sociais e ambientais às escolhas de gastos. A sociedade parece estar, crescentemente, adotando preceitos básicos que terminam por levar a renovadas atitudes de consumo consciente:
- Planejar as compras – evitando impulsividade e comprando apenas o necessário;
- Avaliar os impactos de seu consumo – Apoiando marcas com responsabilidade social;
- Não comprar produtos piratas;
- Reutilizar produtos e embalagens; separar o lixo; consertar objetos que podem ser consertados;
- Usar crédito consciente – evitar cair em endividamento;
- Doar objetos que não estão mais em uso e que poderão servir para outras famílias;
- Acompanhar com maior atenção seus gastos e avaliar o que pode ser reduzido ou substituído;
- Evitar desperdício de alimentos.
Há uma realidade premente: uma crise econômica, maior, está se aproximando com os níveis de desemprego em alta. Assim, cada vez faz-se mais urgente adotar práticas conscientes, apoiando os pequenos empreendedores, questionando-se individualmente e adotando atitudes em prol da coletividade. Há algo maior acontecendo que se distancia da simples redução no consumo, porque tem relação com questionar nosso modo de viver e o que isso traz de impacto à vida em sociedade.
Indicação de leitura: COMO A PANDEMIA AFETOU AS NOSSAS FINANÇAS?